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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Stº. Padre Pio

«Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gál 6, 14).



Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: «Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gál 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensou-os ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.

Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi baptizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos.


Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio. Terminado o ano de noviciado, fez a profissão dos votos simples e, no dia 27 de Janeiro de 1907, a dos votos solenes.

Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou de ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte.

Abrasado pelo amor de Deus e do próximo, o Padre Pio viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que ele cumpriu através da direcção espiritual dos fiéis, da reconciliação sacramental dos penitentes e da celebração da Eucaristia. O momento mais alto da sua actividade apostólica era aquele em que celebrava a Santa Missa. Os fiéis, que nela participavam, pressentiam o ponto mais alto e a plenitude da sua espiritualidade.


No campo da caridade social, esforçou-se por aliviar os sofrimentos e misérias de tantas famílias, principalmente com a fundação da «Casa Sollievo della Sofferenza» (Casa Alívio do Sofrimento), que foi inaugurada no dia 5 de Maio de 1956.

Para o Padre Pio, a fé era a vida: tudo desejava e tudo fazia à luz da fé. Empenhou-se assiduamente na oração. Passava o dia e grande parte da noite em colóquio com Deus. Dizia: «Nos livros, procuramos Deus; na oração, encontramo-Lo. A oração é a chave que abre o coração de Deus». A fé levou-o a aceitar sempre a vontade misteriosa de Deus.


Viveu imerso nas realidades sobrenaturais. Não só era o homem da esperança e da confiança total em Deus, mas, com as palavras e o exemplo, infundia estas virtudes em todos aqueles que se aproximavam dele.O amor de Deus inundava-o, saciando todos os seus anseios; a caridade era o princípio inspirador do seu dia: amar a Deus e fazê-Lo amar. A sua particular preocupação: crescer e fazer crescer na caridade.

A máxima expressão da sua caridade para com o próximo, ve-mo-la no acolhimento prestado por ele, durante mais de 50 anos, às inúmeras pessoas que acorriam ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Parecia um assédio: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele prestava-se a todos, fazendo renascer a fé, espalhando a graça, iluminando. Mas, sobretudo nos pobres, atribulados e doentes, ele via a imagem de Cristo e a eles se entregava de modo especial.


Exerceu de modo exemplar a virtude da prudência; agia e aconselhava à luz de Deus.

O seu interesse era a glória de Deus e o bem das almas. A todos tratou com justiça, com lealdade e grande respeito.

Nele refulgiu a virtude da fortaleza. Bem cedo compreendeu que o seu caminho haveria de ser o da Cruz, e logo o aceitou com coragem e por amor. Durante muitos anos, experimentou os sofrimentos da alma. Ao longo de vários anos suportou, com serenidade admirável, as dores das suas chagas. 

Quando o seu serviço sacerdotal esteve submetido a investigações, sofreu muito, mas aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Frente a acusações injustificáveis e calúnias, permaneceu calado, sempre confiando no julgamento de Deus, dos seus superiores directos e de sua própria consciência.


Recorreu habitualmente à mortificação para conseguir a virtude da temperança, conforme o estilo franciscano. Era temperante na mentalidade e no modo de viver.

Consciente dos compromissos assumidos com a vida consagrada, observou com generosidade os votos professados. Foi obediente em tudo às ordens dos seus Superiores, mesmo quando eram gravosas. A sua obediência era sobrenatural na intenção, universal na extensão e integral no cumprimento. Exercitou o espírito de pobreza, com total desapego de si próprio, dos bens terrenos, das comodidades e das honrarias. Sempre teve uma grande predilecção pela virtude da castidade. O seu comportamento era, em todo o lado e para com todos, modesto.

Considerava-se sinceramente inútil, indigno dos dons de Deus, cheio de misérias e ao mesmo tempo de favores divinos. No meio de tanta admiração do mundo, ele repetia: «Quero ser apenas um pobre frade que reza».

Desde a juventude, a sua saúde não foi muito brilhante e, sobretudo nos últimos anos da sua vida, declinou rapidamente. A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968; tinha ele 81 anos de idade. O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.


No dia 20 de Fevereiro de 1971, apenas três anos depois da morte do Padre Pio, Paulo VI, dirigindo-se aos Superiores da Ordem dos Capuchinhos, disse dele: «Olhai a fama que alcançou, quantos devotos do mundo inteiro se reúnem ao seu redor! Mas porquê? Por ser talvez um filósofo? Por ser um sábio? Por ter muitos meios à sua disposição? Não! Porque celebrava a Missa humildemente, confessava de manhã até à noite e era – como dizê-lo?! – a imagem impressa dos estigmas de Nosso Senhor. Era um homem de oração e de sofrimento».

Já gozava de larga fama de santidade durante a sua vida, devido às suas virtudes, ao seu espírito de oração, de sacrifício e de dedicação total ao bem das almas.

Nos anos que se seguiram à sua morte, a fama de santidade e de milagres foi crescendo cada vez mais, tornando-se um fenómeno eclesial, espalhado por todo o mundo e em todas as categorias de pessoas.


Assim Deus manifestava à Igreja a vontade de glorificar na terra o seu Servo fiel. Não tinha ainda passado muito tempo quando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos empreendeu os passos previstos na lei canónica para dar início à Causa de beatificação e canonização. Depois de tudo examinado, como manda o Motu proprio «Sanctitas Clarior», a Santa Sé concedeu o nihil obstat no dia 29 de Novembro de 1982. O Arcebispo de Manfredónia pôde assim proceder à introdução da Causa e à celebração do processo de averiguação (1983-1990). No dia 7 de Dezembro de 1990, a Congregação das Causas dos Santos reconheceu a sua validade jurídica. Ultimada a Positio, discutiu-se, como é costume, se o Servo de Deus tinha exercitado as virtudes em grau heróico. No dia 13 de Junho de 1997, realizou-se o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos, com resultado positivo. Na Sessão Ordinária de 21 de Outubro seguinte, tendo como Ponente da Causa o Ex.mo e Rev.mo D. Andrea Maria Erba, Bispo de Velletri-Segni, os Cardeais e Bispos reconheceram que o Padre Pio de Pietrelcina exercitou em grau heróico as virtudes teologais, cardeais e anexas.

No dia 18 de Dezembro de 1997, na presença do Papa João Paulo II foi promulgado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes. Para a beatificação do Padre Pio, a Postulação apresentou ao Dicastério competente a cura da senhora Consiglia de Martino, de Salerno. Sobre o caso desenrolou-se o Processo canónico regular no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Salerno-Campanha-Acerno, desde Julho de 1996 até Junho de 1997. Na Congregação das Causas dos Santos, realizou-se, no dia 30 de Abril de 1998, o exame da Consulta Médica e, no dia 22 de Junho do mesmo ano, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. No dia 20 de Outubro seguinte, reuniu-se no Vaticano a Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, membros do Dicastério, e, no dia 21 de Dezembro de 1998, foi promulgado, na presença do Papa João Paulo II, o Decreto sobre o milagre.


No dia 2 de Maio de 1999, durante uma solene Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, Sua Santidade João Paulo II, com sua autoridade apostólica, declarou Beato o Venerável Servo de Deus Pio de Pietrelcina, estabelecendo no dia 23 de Setembro a data da sua festa litúrgica.

Para a canonização do Beato Pio de Pietrelcina, a Postulação apresentou ao competente Dicastério o restabelecimento do pequeno Matteo Pio Collela de São Giovanni Rotondo. Sobre este caso foi elaborado um processo canónico no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Manfredonia-Vieste, que decorren de 11 de Junho a 17 de Outubro de 2000. No dia 23 de Outubro de 2000, a documentação foi entregue à Congregação das Causas dos Santos. No dia 22 de Novembro de 2001 é aprovado, na Congregação das Causas dos Santos, o exame da Consulta Médica. No dia 11 de Dezembro de 2001, é julgado pelo Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos e, no dia 18 do mesmo mês, pela Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos. No dia 20 de Dezembro, na presença do Papa João Paulo II, foi promulgado o Decreto sobre o milagre; no dia 26 de Fevereiro de 2002, foi publicado o Decreto sobre a sua canonização.

 

Beatificação (2 de maio de 1999)

Canonização (16 de junho de 2002)



     Fonte :       

Vatican

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Stª. Dulce dos Pobres _ O Anjo Bom da Bahia!

Origens

Dulce Lopes Pontes nasceu, em 26 de maio de 1914, em São Salvador da Bahia (Brasil). Batizada com o nome de Maria Rita, foi a segunda dos cinco filhos de Augusto e Dulce Maria de Souza Brito Lópes Pontes. Órfã de mãe aos seis anos, ela tinha cerca de 16 anos quando começou a manifestar a qualidade que a teria distinguido ao longo de sua vida: a caridade. No porão da casa, acolhia crianças, adultos e idosos pobres e cuidava deles. De sua família e vizinhos, obtinha alimentos, roupas, remédios e alguns trocados que lhes destinava para aliviar seu sofrimento.


Freira

Enquanto cursava o mestrado em São Salvador da Bahia, ingressou na Ordem Terceira Franciscana. Mais tarde, conheceu o Superior Provincial dos Missionários da Imaculada Conceição. Logo que se formou, em 8 de fevereiro de 1933, ingressou nesta Congregação, que faz parte da grande família franciscana. Em 15 de agosto de 1934, fez os votos religiosos e adotou o nome de Dulce, em memória de sua mãe.

 Os trabalhos

Em 1935, fundou o primeiro movimento operário cristão em São Salvador: o Sindicato Operário de São Francisco; em 1937, fundou o Clube dos Trabalhadores da Bahia; em 1939, inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública para trabalhadores e filhos de trabalhadores, no bairro de Massaranduba, em São Salvador. No mesmo ano, iniciou-se a acolhida aos doentes em prédios abandonados da cidade; em 1949, com a permissão da Superiora, pôde acolher setenta enfermos em um abrigo obtido no galinheiro adjacente à casa de sua congregação.

Em 1960, foi inaugurado o Asilo Social Suor Dulce, com um Estatuto que abarcava todas as suas fundações e enfatizava seu caráter exclusivamente cristão e humanitário. Em julho de 1979, o Cardeal Arcebispo Avelar Brandão Vilela convidou Santa Teresa de Calcutá a São Salvador para abrir uma casa em Alagados. Irmã Dulce aproveitou para conhecê-la. Exatamente um ano depois, houve outro encontro importante, aquele com São João Paulo II. Em 8 de fevereiro de 1983, foi inaugurado o novo hospital Santo Antônio, considerado, pelos baianos, mais um “milagre de Irmã Dulce”.

Os últimos anos

Os últimos meses da vida da beata foram caracterizados pela doença. Piorou em novembro de 1990. Em outubro de 1991, São João Paulo II foi a São Salvador e quis ir às Obras visitar Irmã Dulce. O Cardeal Lucas Moriera Neves contou que o Santo Padre disse várias vezes: “Este é o sofrimento dos inocentes. Igual ao de Jesus”. Ele enfrentou todo o seu sofrimento abandonado nos braços do Senhor. Todo o Apostolado dos Beatos resplandece entre aqueles cristãos que fizeram caridade a Deus e ao próximo durante toda a sua vida. Sua caridade era maternal, terna.

A sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do Alto extraia energia e recursos para pôr em marcha uma espantosa atividade de serviço aos últimos. Longe de qualquer horizontalismo, como verdadeira alma franciscana, fez-se pobre com os pobres por amor ao supremamente pobre. Sem fomentar conflitos de classe, lembrou aos ricos da necessidade evangélica de partir o pão com os famintos. 

Páscoa 

Sua vida foi uma confissão da primazia de Deus e da grandeza do homem filho de Deus, mesmo onde a imagem divina parece obscurecida, degradada e humilhada. Em 13 de março de 1992, a Beata Dulce faleceu em São Salvador da Bahia. De todo o Brasil ela foi, e ainda se define, a “Mãe dos Pobres” e o “Anjo Bom da Bahia”. Em 13 de Outubro de 2019, o Papa Francisco realizou o ato de canonização.

Minha oração

“Ó mãe dos pobres, cuidai do povo brasileiro e olhai com mais atenção aos excluídos, assim como fizestes em toda a tua vida. Do mesmo modo, ensina-nos a viver sem indiferença para estes pequeninos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém! “

Santa Dulce, rogai por nós!

Sua Biografia

Baiana de Salvador, Irmã Dulce era filha de um dentista, professor da Universidade Federal da Bahia, e de uma dona de casa. Desde pequena, demonstrava vocação religiosa e era fervorosa devota de Santo Antônio.

Abraçou a vida religiosa em 1933, quando entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Já em sua primeira missão com o hábito de freira, foi designada para ensinar crianças e assistir a comunidades pobres da Cidade Baixa, em Salvador.

Ainda nos anos 1930, fundou a União Operária São Francisco, considerado o primeiro movimento cristão operário baiano, e o Círculo Operário da Bahia, grupo que se engajava na promoção cultural e social dos trabalhadores, fomentava a luta dos seus direitos e difundia o conceito de cooperativas.

De acordo com informações fornecidas pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), nessa época ela iniciou "um trabalho assistencial nas comunidades carentes, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidava na parte interna do bairro de Itapagipe, em Salvador".

"Nessa mesma época, começava a atender também os operários, que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico", ressalta a organização.

Em 1939, a religiosa foi uma das fundadoras do Colégio Santo Antônio, uma instituição voltada aos operários e seus filhos.

Já nessa época, ela demonstrava preocupação pelos cuidados de saúde dos pobres. Chegou a promover a invasão de casas abandonadas para transformá-las em abrigo para doentes mas, expulsa, na década seguinte decidiu transformar em um hospital improvisador o galinheiro de seu convento.

"Em 1949, após a autorização da sua superiora, Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do convento inaugurado em 1947", pontua a Osid.

Era o embrião do Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que funciona até hoje.

"A iniciativa deu origem a tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira baiana construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro", ressalta a organização.

Biógrafo da religiosa, o jornalista Graciliano Rocha, autor do livro Irmã Dulce: A Santa dos Pobres, enxerga no trabalho de saúde pública realizado pela freira um gesto precursor do que seria o Sistema Único de Saúde (SUS), criado apenas em 1988 no Brasil.

"Tinha havido uma explosão populacional [em Salvador, nas primeiras décadas do século 20] e o Estado falhou em promover serviços públicos de atendimento social para a imensa maioria da população pobre de Salvador, a cidade com a maior população de afrodescendentes no hemisfério sul fora da África", pontua ele. "Um imenso contingente de pessoas estava abandonado."

Em seu primeiro hospital, improvisado no antigo galinheiro, Irmã Dulce tinha um ambulatório com capacidade para atender a 70 pessoas. "Captou recursos e em 1960 transformou aquilo em um hospital de verdade, com 150 leitos", diz o biógrafo.
Uma nova reforma foi feita e, menos de dez anos depois, o hospital tinha capacidade para atender a 300 pacientes. Em 1983, ampliado novamente, chegou a 800. "A cada década, dobrava de tamanho", afirma Rocha.

"E o hospital não tinha nenhum pré-requisito para atender a qualquer pessoa que batesse na porta. Bastava estar doente e ter necessidade", diz.

"Isso hoje pode parecer algo simples, mas antes do advento do SUS, o acesso à saúde no Brasil não era universal. As pessoas mais pobres não conseguiam atendimento. O colapso social que Salvador viveu no período teria sido muito mais doloroso para a população pobre, muito pior, se não fosse a atuação de Irmã Dulce."

"Ela antecedeu em muitas décadas o papel que o SUS teria no futuro", afirma Rocha.

Atualmente, a organização fundada por Irmã Dulce conta com 21 núcleos e dispõe de 954 leitos hospitalares. Diariamente ali são atendidas 2 mil pessoas.

Por ano, são 2,2 milhões de procedimentos ambulatoriais, 12 mil cirurgias e 19 mil internações, segundo informações fornecidas pela assessoria de comunicação da entidade.

Legado

A Osid também atua em assistência social, ensino em saúde, pesquisa científica, educação do ensino fundamental e preservação memorialística da hoje santa Dulce.

"O legado de amar e servir deixado por Santa Dulce dos Pobres traz uma enorme responsabilidade e um grande compromisso pela sua perpetuação e sustentabilidade. A nossa cultura institucional, que carinhosamente chamamos 'dulcismo', nos lembra diariamente sobre a missão de acolher os que mais precisam, sempre fiéis a seus princípios e valores", comenta Márcio Didier, o gestor do complexo Santuário Santa Dulce dos Pobres.

Ele ressalta que os números impressionantes que mostram quantos são "acolhidos, tratados e curados" na Osid "só confirmam que esta continua sendo 'a última porta da esperança' para os pobres e excluídos".

"Como legado de amor com inspiração divina, [a religiosa] também se torna referência e inspiração para a criação de outras instituições com foco na caridade cristã", diz Didier.


Rocha conta que começou a mergulhar no universo de Irmã Dulce depois que, como jornalista, acompanhou o evento de beatificação da religiosa, ocorrido em 2011 em Salvador.

Ele ficou impressionado com a manifestação popular na missa campal, que reuniu cerca de 70 mil pessoas.

"Elas ficaram horas e horas em pé em um lugar, um grande descampado, inclusive debaixo de chuva. Chamou-me a atenção que eram pessoas de todos os tipos. Ricos e pobres, brancos e negros, gente de todas as religiões e sem religião nenhuma…", relata.


"Aquela cerimônia, pelo tamanho dela e pela diversidade dos participantes, me fez entender que havia uma história a ser contada."

Foram oito anos de pesquisa. Rocha consultou mais de 10 mil documentos, de arquivos do Brasil, dos Estados Unidos e do Vaticano. Teve acesso aos autos da canonização da baiana e entrevistou cerca de 100 pessoas que conviveram com ela, de anônimos a personalidades como o político José Sarney e o engenheiro e empresário Norberto Odebrecht (1920-2014), amigo e patrocinador de Irmã Dulce por mais de meio século.



Eles [Dulce e Odebrechet] se conheceram quando ele nem era formado em engenharia e ela ainda uma jovem freira. Ele foi o grande financiador dela, durante a vida toda. Essa história disseminada que ela sempre foi financiada pelos pobres é parcialmente verdade. Ela teve apoio das pessoas mais simples, mas também contava com boas relações institucionais com diferentes governos e grandes empresários. E isso foi fundamental para que a obra dela deslanchasse", afirma Rocha.

Religião

O biógrafo acredita que a canonização de Dulce seja também um recado do papa Francisco.

"Torná-la santa combina muito com a mensagem do pontificado dele", argumenta. "Essa abordagem dela de cuidar dos pobres… Ao canonizá-la, ele afirma implicitamente que essa dedicação aos pobres é uma característica exemplar daquela santa."

O legado religioso de Irmã Dulce é o amor ao próximo, o mais bonito dos mandamentos cristãos. Se a santidade é a mais alta honra que a Igreja Católica confere, transformar ou não alguém em santo é passar uma mensagem de qual é a visão do pontificado para a santidade."

Postulador do processo de canonização de Irmã Dulce junto ao Vaticano — em outras palavras, uma espécie de "advogado" que defende os processos na Santa Sé —, o italiano Paolo Vilotta já admitiu diversas vezes que conhecer a obra da religiosa baiana fez dele também um devoto dela.


Em entrevista à BBC News Brasil, ele recordou que, em 2010, na primeira das quatro vezes em que esteve ao país para ir à Osid, ele visitou os enfermos atendidos pela instituição.

"Ver com meus próprios olhos o legado deixado pela grande santa, depois de já ter lido suas informações biográficas, fez com que eu me tornasse devoto a ela", comenta.

"Depois, tornei-me postulador [da causa] e isso me honrou, coroou-me de alegria", acrescenta.

"Conheci várias pessoas [que conviveram com a freira] e ouvi muitos testemunhos. Tudo isso me fez ver em Irmã Dulce uma gigante da caridade, uma pessoa muito virtuosa. Ela teve a coragem e a vontade de ser um exemplo de vida e isso me deixou impressionado."



Para o pesquisador e estudioso da vida de santos José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará, a imagem de Irmã Dulce é mais contundente aos olhos atuais por conta de sua contemporaneidade. Ele escreveu uma biografia dela em seu livro Candidatos ao Altar.

"Todos a vimos. Muitos pessoalmente, outros pelos meios de comunicação ou por seu apostolado. Sendo a primeira santa brasileira nata e contemporânea ela alcançou milhares e milhares de católicos e não católicos, visto que sua ação não via religião, cor ou qualquer outra questão", afirma ele.

"Ela enxergava Deus no irmão e a ele se dedicava como se ao Cristo o fosse."

Essa não distinção entre católicos e não católicos foi visível na festa de canonização, ocorrida na praça São Pedro, no Vaticano, em 13 de outubro de 2019.


Na ocasião, a reportagem conversou com diversos integrantes da comitiva brasileira presente à missa. E quase um terço dos abordados declaravam-se não católicos — evangélicos, espíritas, candomblecistas, umbandistas e seguidores de nenhuma religião.

Quando perguntados, diziam estar lá porque viam na religiosa uma figura que transcendia o catolicismo, por seu trabalho na saúde pública.


Desnecessário dizer mas praticamente todos tinham alguma história pessoal ou familiar de atendimento hospitalar na Osid.


"Ela foi uma fortaleza. Dedicou-se integralmente aos mais necessitados", acrescenta Lira.


"Sua mensagem poderia ser aquela atribuída a São Francisco, 'eu fiz a minha parte, que o Senhor vos ensine a vossa'. Mas ela foi além: fundou um verdadeiro complexo e eu poderia dizer que a caridade com zelo e amor ao próximo se constituem sua grande mensagem."


'Anjo bom do mundo'

Vice-diretor do Lay Centre em Roma e doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, o vaticanista Filipe Domingues ressalta que o reconhecimento da santidade de Irmã Dulce é importante para o Brasil não apenas pelo fato de ela ser uma brasileira. "Mas porque ela representa a realidade brasileira muito bem", enfatiza.

"Quando a Igreja reconhece a santidade de algumas pessoas, há sempre esse aspecto da representatividade", diz.

"No caso da Irmã Dulce, ela representa a realidade de pobreza e desigualdade que existiu no período dela, existia antes dela e, infelizmente, ainda existe."


Não é à toa, lembra Domingues, que ela recebeu oficialmente a alcunha de "Santa Dulce dos Pobres".

"Ela conseguiu, numa realidade muito precária, dar algum atendimento aos pobres. Alguns falam que ela foi a Madre Teresa brasileira, porque ela fez algo muito parecido: com uma estrutura muito pequena deu atendimento de saúde às pessoas."

Em outras palavras, o trabalho de Irmã Dulce é uma mostra clara de ação social, "em uma das regiões mais pobres do Brasil, em que fica claro o papel da Igreja às vezes entrando para suprir o mínimo onde o Estado falta", comenta o vaticanista.


Rocha lembra que o legado de Irmã Dulce é reconhecido de forma unânime, "por políticos dos mais diferentes partidos". E a canonização deu a ela uma visibilidade internacional. "Isso é muito importante, já que as obras sociais dela continuam cumprindo um papel absolutamente fundamental para a assistência social de Salvador", comenta ele.

O hagiólogo Lira comenta que a religiosa acabou se transformando, "de anjo bom da Bahia para anjo bom do Brasil e, após sua canonização, anjo bom do mundo, com a universalização do culto a ela".

Segundo a sinopse biográfica publicada pelo Vaticano e distribuída durante a missa de canonização, em 2019, Irmã Dulce era uma fonte de caridade "maternal, carinhosa". "A sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do alto recebia forças e recursos para dar vida a uma maravilhosa atividade de serviço aos últimos", diz o texto oficial da Santa Sé, que ainda acrescenta que quando a religiosa morreu, 30 anos atrás, já era uma pessoa "nimbada de grande fama de santidade".


"Com a canonização, Santa Dulce dos Pobres ganhou os altares de todo o mundo e passou a ser conhecida e admirada como exemplo das virtudes cristãs, por católicos de outros países", concorda o gestor do santuário, Márcio Didier. "Como sua obra social tem um caráter humanista, pessoas de diversas religiões se interessam, cada vez mais, por conhecer e ajudar a Osid, se encantando ao saber que, além da saúde, ainda atuamos na educação, na assistência social e espiritual."

"Nada foi fácil na caminhada de santidade de Santa Dulce dos Pobres", acrescenta ele "Diariamente lidamos com diversas dificuldades, mas aprendemos com ela a trabalhar duro, fazer a nossa parte, perseverar e confiar na providência divina e na generosidade daqueles que abraçam a Osid como os doadores e sócios-protetores. Neste tempo de pandemia, os relatos de graças alcançadas, os pedidos e os agradecimentos pela palavra de esperança em tempos de tanta incerteza e dor nos dão a certeza de que o Brasil e o mundo precisavam de mais esta intercessora no céu."


Neste domingo, às 8h30, haverá uma missa especial no Santuário Santa Dulce dos Pobres. "Iremos recordar o trânsito, a morte [da religiosa], e agradecer por esses 30 anos de presença entre nós, sendo inspiração constante para todos os que, diariamente, fazem acontecer seu maior milagre: suas obras sociais", afirma Didier.




Fontes:

sábado, 10 de agosto de 2024

Viva São Lourenço


Lourenço de Huesca ou São Lourenço (Huesca ou ValênciaHispânia, 225?[1] – Roma10 de agosto de 258) foi um mártir cristão.. 

O cargo de diácono era de grande responsabilidade, pois consistia no cuidado dos bens da Igreja e a distribuição de esmolas aos pobres. No ano 257, o imperador romano Valeriano decretou a perseguição aos cristãos e, ao ano seguinte, foi detido e decapitado o Papa Sisto II.

Segundo as tradições, quando o Papa São Sisto se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto a ele e chorava. "aonde vai sem seu diácono, meu pai?", perguntava-lhe. O Pontífice respondeu: "Não pense que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirá".


Após a execução do Papa, o imperador ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de 3 dias. Passados três dias, São Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e os fiéis cristãos diante do imperador. Depois, exclamou a seguinte frase que lhe valeu a morte: "Estes são o património (riquezas) da Igreja". O imperador, furioso e indignado, mandou prendê-lo, e ser queimado vivo sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha. A tradição católica diz que o santo conservou seu bom humor mesmo enquanto era executado, dizendo aos que o queimavam: "podem me virar agora, pois este lado já está bem assado".

Tornou-se um mártir cristão e é considerado um servo fiel da Igreja.


Santo Agostinho diz que o grande desejo que tinha São Lourenço de unir-se a Cristo fez com que esquecesse as exigências da tortura. Também afirma que Deus obrou muitos milagres em Roma por intercessão de São Lourenço. Este santo foi, desde o século IV, um dos mártires mais venerados e seu nome aparece no cânone da missa. Foi sepultado no cemitério de Ciriaca, em Agro Verão, sobre a Via Tiburtina. Constantino ergueu a primeira capela no local que ocupa atualmente a Basílica de São Lourenço Extramuros, a qual é a quinta basílica patriarcal de Roma.

Em todo o mundo cristão, existem muitas igrejas dedicadas a este santo. Geralmente, as estátuas dele apresentam uma grelha (o instrumento que lhe causou a morte) e uma Bíblia nas suas mãos.

É comemorado no dia 10 de Agosto.


Fonte:

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-08/san-lourenco-martirio-10-agosto-papa-francisco.html

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Rogai por nós Santo Antônio


Santo António (português europeu) ou Antônio (português brasileiro) de Lisboa ou de Pádua, (Lisboa, 15 de agosto de 1195? — Pádua, 13 de junho de 1231) foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem do século XII para o século XIII. Foi batizado com o nome de Fernando, mas o seu sobrenome de família é incerto, embora seja comum referir-se de Bulhões.

Primeiramente pertenceu à Ordem dos Cónegos Regulares da Santa Cruz, que seguiam a Regra de Santo Agostinho, no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde aprofundou os seus estudos religiosos através da leitura da Bíblia e da literatura patrística, científica e clássica. Ingressou na Ordem dos Frades Menores (franciscanos) em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e em França, retornando posteriormente à Itália, onde encerrou sua carreira. No ano de 1221 fez parte do Capítulo Geral da Ordem em Assis, convocado pelo fundador, Francisco de Assis. Posteriormente, quando a sua eloquência e cultura teológica se tornaram conhecidas, foi nomeado mestre de teologia em Bolonha, tendo, a seguir, pregado contra os albigenses e valdenses em diversas cidades do norte da Itália e no sul de França. Em seguida foi para Pádua, onde morreu aos 36 ou 40 anos.
Distinguindo-se em vida como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo, sua grande fama de santidade levou-o a ser canonizado pela Igreja Católica apenas 11 meses após a morte. António é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha grande cultura, documentada pela coletânea de sermões que deixou, onde fica evidente que estava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspetos das ciências profanas, referenciando-se em autoridades clássicas como Plínio, o Velho, Cícero, Séneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre muitas outras. O seu grande saber tornou-o uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica do seu tempo. Lecionou em universidades italianas e francesas e foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano. São Boaventura disse que ele possuía a ciência dos anjos. Hoje é visto como um dos grandes santos do Catolicismo, recebendo larga veneração e sendo o centro de rico folclore.

Santo António é o padroeiro principal da cidade de Lisboa (São Vicente é o padroeiro do Patriarcado de Lisboa), sendo também o padroeiro secundário de Portugal (a padroeira principal é Nossa Senhora da Conceição). É igualmente padroeiro da cidade italiana de Pádua.

*MILAGRES


Diz a tradição que em sua curta vida operou muitos milagres, como seguem alguns exemplos.

_Certa feita, meditando à beira-mar sobre a frequente presença da imagem do peixe nas Sagradas Escrituras, os peixes ter-se-iam reunido a seus pés para escutar uma das suas pregações.

_Teria restaurado um campo de trigo maduro para colheita que fora estropiado por uma multidão que o seguia; teria protegido milagrosamente seus ouvintes da chuva que caía durante um sermão, e uma mulher impedida pelo marido de ir ouvi-lo pôde escutar suas palavras a quilómetros de distância.

_Quando em disputa com um herege albigense sobre a presença ou não do Deus vivo na hóstia consagrada, o herege, chamado Bonvillo, disse que se uma mula, tendo passado três dias sem comer, honrasse uma hóstia em detrimento de uma ração de aveia, ele acreditaria no santo. Segundo a história, assim que a mula foi liberta de seu cercado, faminta, desviou-se da ração e ajoelhou-se diante da hóstia que António lhe mostrava.

_Restaurou o pé amputado de um jovem.
Soprou na boca de um noviço para expulsar as tentações que sofria, confirmando-o em sua vocação.

_Quando alguns hereges colocaram veneno em sua comida para verificar sua santidade, o santo fez o sinal da cruz sobre o alimento, comeu-o e nada sofreu, para o vexame dos seus tentadores.
Outro milagre famoso trata-se da aparição do Menino Jesus ao santo durante uma de suas orações, uma cena multiplicada abundantemente em sua iconografia.

_Um certa mulher em Ferrara, Itália, deu a luz em meio de uma situação familiar complicada, pois seu marido estava desconfiando que o filho não era dele. Quando Santo António soube da situação, visitou o casal por altura do nascimento, tomou a criança em seus braços e ordenou energicamente ao recém-nascido que dissesse quem era o pai. Ele, apesar da idade ser apenas de horas ou de dias, apontou ao referido homem e falou sem titubear que era ele de facto.

_Durante sua pregação num consistório diante do papa, vários cardeais e clérigos, e gentes de várias nações, discorrendo com sutilíssimo discernimento sobre intrincadas questões teológicas, cada um dos presentes teria ouvido a pregação na sua própria língua materna. Na ocasião, diante de tão assombroso fenómeno, que parecia uma reedição do Pentecostes bíblico, o papa o teria chamado de "a arca do Testamento, o arsenal da Sagrada Escritura".


ICONOGRAFIA & VENERAÇÃO 

A sua representação iconográfica de longe mais frequente é a de um jovem tonsurado envergando o hábito dos frades franciscanos, segurando o Menino Jesus sobre um livro ou entre os braços, a quem contempla com expressão terna, e tendo uma cruz, ou um ramo de açucenas, na outra mão. Esses atributos podem ser substituídos por um saco de pão, que distribui entre pobres ou idosos.

Em 2014 um grupo de investigadores, em colaboração com o Museu Antropológico da Universidade de Pádua, realizou um estudo, utilizando técnicas forenses, para reconstruir a aparência real da sua face a partir do seu crânio, que foi preservado. Os resultados foram sintetizados por Luca Bezzi numa imagem digital, ilustrada ao lado.

O seu esqueleto também foi preservado, bem como sua famosa língua e suas cordas vocais, além de uma túnica que usava e um manto. Essas relíquias estão depositadas na basílica do santo em Pádua. Algumas são expostas em caráter permanente, como sua língua, instalada em um precioso relicário no principal altar da suntuosa Capela das Relíquias, projetada por Felipe Parodi em 1691, junto com seu queixo e outros objetos, mas o esqueleto completo só raramente é exposto; nos últimos quatro séculos o público só o viu oito vezes, quando formaram-se grandes romarias de devotos para vê-lo. A última exposição ocorreu em 2010, quando a Capela da Arca foi reformada e voltou a receber seus restos mortais. A ocasião anterior foi em 1981, para a comemoração dos 750 anos de sua morte.

A língua foi objeto de especial veneração desde o início. Diz a tradição que, ao ser encontrada incorrupta, parecendo a de uma pessoa viva, o Ministro Geral da Ordem, São Boaventura, pegando-a na mão, com toda reverência e em lágrimas, começou a louvá-la dizendo: "Ó língua bendita, que sempre bendisseste o Senhor e fizeste que também os outros o bendissessem sempre; pela tua conservação se compreende bem qual o teu mérito diante de Deus". E cobrindo-a de beijos, pediu que fosse colocada separadamente num relicário. Em 1351, o Capítulo Geral instituiu a festa da Transladação das Relíquias, fixando a sua data em 15 de fevereiro. Hoje a língua está seca e escura.

É considerado padroeiro dos amputados, dos animais, dos estéreis, dos barqueiros, dos idosos, das grávidas, dos pescadores, agricultores, viajantes e marinheiros; dos cavalos e burros; dos pobres e dos oprimidos; é invocado para achar coisas perdidas, para conceber filhos, para evitar naufrágios e para conseguir casamento.

A devoção popular colocou-o entre os santos mais amados do cristianismo, cercou-o de riquíssimo folclore e atribui-lhe até aos dias de hoje muitos milagres e graças. Igrejas a ele consagradas multiplicam-se pelo mundo, tem vasta iconografia erudita e popular, a bibliografia devocional que ele inspira é volumosa e em sua homenagem uma quantidade incontável de pessoas recebeu o nome António, além de numerosas cidades, bairros e outros logradouros públicos, empresas e mesmo produtos comerciais em todo o mundo também terem seu nome.

Na tradição lusófona, Santo António está acima de todos em prestígio. A sua veneração foi levada de Portugal para o Brasil, onde se enraizou rapidamente e também dominou o coração do povo. Na esquadra de Pedro Álvares Cabral, que aportou no território em 22 de abril de 1500, consta que iam oito frades franciscanos. Sendo eles franciscanos e sendo eles portugueses, é altamente provável que tenham trazido a bordo uma imagem de Santo António.

430 anos do Santuário Santo Antônio Além do Carmo (Salvador -Bahia)

Santo Antônio é nome de um bairro de SalvadorBahia, localizado no Centro Histórico de Salvador. Nele estão localizados o Largo de Santo Antônio Além do Carmo e a Paróquia Santo Antônio Além do Carmo.


Símbolo de fé e resistência

Igreja de Santo Antônio Além do Carmo: séculos de história do Brasil. Conta a história que a Igreja de Santo Antônio foi fundada em 1594 em homenagem a Santo Antônio. De pequena capela, passou por ampliações e reformas, foi palco de invasões holandesas e, também, da resistência portuguesa. Diz-se que o Padre Antônio Vieira, para impedir que tropas holandesas conquistassem Salvador, utilizou o púlpito da igreja para pregar seu sermão ‘À beira das trincheiras’, que, por 40 dias, defenderam a cidade contra as tropas de Nassau.

Foi elevada a Igreja matriz em 1648 e continuou a passar por reformas até o século XX! Seu interior é revestido de escaiola, talha neoclássica e sua fachada tipicamente rococó. 



Fontes:

https://www.salvadordabahia.com/experiencias/igreja-de-santo-antonio-alem-do-carmo/

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Santo_Ant%C3%B4nio_(Salvador)

quinta-feira, 30 de maio de 2024

A origem da Coroação de Maria

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Lc 1, 26-38)

Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria.

O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.

O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.

Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível”.

Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.
Celebramos hoje a memória de Nossa Senhora Rainha. Trata-se de uma comemoração colocada na oitava da Assunção da Virgem Santíssima, a fim de contemplarmos aquele que é o quinto mistério glorioso: “a coroação da Virgem Maria como Rainha do Céu e da Terra”.

O Evangelho que proclamamos hoje é o da Anunciação: o Anjo Gabriel, admirado com a quantidade de graça que Deus derramou no coração daquela pequena menina de Nazaré, saúda-a extasiado: “Chaire kecharitōmenē”, “Ave, cheia de graça”. Era um atestado de que a quantidade de graça derramada por Deus na Virgem Santíssima, já no útero de Sant’Ana, foi muito maior do que toda a graça que Deus derramou, derramaria ou derramará em todos os anjos e santos juntos.

Em virtude dessa graça, Maria teve uma capacidade imensa de amar a Deus e crescer nas virtudes. Vejamos a humildade de Nossa Senhora: ela é inversamente proporcional à sua grandeza. Deus fez questão de esconder a Virgem Santíssima dela mesma, fez questão de que ela não notasse sua grandeza. Se olharmos os evangelhos, não veremos aquela mulher vestida de sol, cheia de glória, coroada com 12 estrelas, que se encontra no capítulo 12 do Apocalipse.

Vemos em Maria uma atitude sempre humilde: “o Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1, 48); e exatamente, nessa humildade e pequenez, Ela, que recebeu uma quantidade inimaginável de graça, tornou-se imensamente capaz de amar a Deus.

Por que eu estou dizendo isso para nós entendermos a festa da coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu e da Terra? Porque, neste mundo, a graça é a vida divina que nos torna capazes de amar Deus, e Maria recebeu uma quantidade inestimável de graça. No Céu, porém, essa graça recebida neste mundo transforma-se numa coisa chamada glória. Por isso, a Virgem Santíssima é a mais gloriosa de todas as criaturas. Depois da glória de Jesus Cristo, que é Deus que se fez homem, temos a glória de Maria. E essa glória é tão incomensurável que Ela, sozinha, é maior do que a glória de todos os anjos e santos juntos.
Para termos ideia do que estamos comemorando, façamos a seguinte comparação: imaginemos os astros do Céu. O maior deles é o sol. Quando o sol aparece no firmamento, tudo empalidece, ou seja, todos os astros desaparecem. O sol é Deus. Já a glória dos anjos e dos santos, são as estrelas; e a glória de Maria é a lua. A glória de Maria vem de Deus, assim como a luz do sol dá luminosidade à lua.

Ao celebrarmos a coroação da Toda Santa Mãe de Deus, como Rainha do Céu e da Terra, estamos, na verdade, dando glória a Deus que fez brilhar a sua glória nesta menina que, humildemente, viveu neste mundo cheia de graça, e por isso, hoje possui uma glória imensa no Céu, coroada de esplendor.

Fontes;.
https://padrepauloricardo.org/episodios/o-que-a-coroacao-de-nossa-senhora-nos-ensina

domingo, 26 de maio de 2024

SAMU



Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU ou SAMU 192) é um serviço brasileiro de atendimento médico pré-hospitalar, acionado em casos de emergência. Foi idealizado na França, em 1986 como Service d'aide médicale urgente — que faz uso da mesma sigla "SAMU" — que é considerado por especialistas como o melhor do mundo.
 
Sua História 

Os serviços de atendimento pré-hospitalar móvel, denominados Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), e acionados por telefonia de discagem rápida (número 192), conhecidos como SAMU 192, foram normatizados no Brasil a partir de 2004 pelo decreto presidencial do governo Lula, nº 5.055, de 27 de abril de 2004. Caracterizam-se por prestar socorro às pessoas em situações de agravos urgentes, nas cenas em que esses agravos ocorrem, garantindo atendimento precoce, adequado ao ambiente pré-hospitalar e ao acesso ao Sistema de Saúde.

O SAMU 192 não se caracteriza apenas por ser um serviço de atendimento pré-hospitalar móvel mas por ser um serviço complexo, onde uma central de regulação de urgência e emergência composta por médicos reguladores atende toda a demanda do sistema telefônico 192 e define uma hipótese diagnóstica e a complexidade, assim como a prioridade do atendimento, podendo ser fornecida apenas uma orientação médica ou, se necessário, um recurso mais complexo, liberando-se as diferentes viaturas - suporte básico ou suporte avançado.

Após o atendimento do paciente, também será definido o destino do paciente podendo ser uma unidade de pronto atendimento (UPA) ou um hospital terciário. Assim, esse serviço de atendimento móvel foi criado para organizar os diferentes níveis de situações de saúde, encaminhando os quadros de menor complexidade ou fase diagnóstica ou ainda de uma situação de estabilização clínica para UPAs, e os quadros de maior complexidade, que necessitam de especialidades (politraumatizados, infartos, trauma de crânios, acidentes vasculares encefálicos, abdome agudo), para hospitais.

Assim, antes da criação do SAMU, os serviços de urgência, principalmente os serviços terciários, estavam, frequentemente, lotados, com todos os quadros de saúde possíveis em uma mesma unidade, num mesmo pronto-socorro, causando uma superlotação desorganizada. Evolui-se então para serviços mais organizados quanto ao perfil da doença e do doente. Entretanto, a superlotação continua progressivamente aumentando.

Com a modificação do perfil epidemiológico da morbimortalidade devido ao crescimento das causas externas, esses atendimentos ganham maior relevância, causando forte impacto ao setor saúde e sua resposta a tal demanda é fundamental para minimizar as sequelas decorrentes desse quadro.

Com a organização das gravidades e complexidades, conseguimos visualizar melhor que, realmente, existe a necessidade de mais leitos hospitalares. Infelizmente, o investimento financeiro não é suficiente para o aumento dos hospitais e seus respectivos leitos, mantendo o atendimento de urgência e emergência caótica em todo o País.

O projeto SAMU 192 foi o primeiro produto do Plano Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) criado pelo Governo Federal em 2003 e existe recurso financeiro para a manutenção dos serviços. Durante esse processo, foi definido que esse custeio seria tripartite, sendo 50% do Governo Federal, 25% do Governo do Estado e 25% dos municípios. Entretanto, alguns serviços têm 50% do Governo Federal e o Estado assume o restante do custeio. Infelizmente, alguns serviços têm o custeio do Governo Federal e os municípios acabam tendo que arcar com o custeio do restante do serviço, sem nenhum apoio do Governo Estadual, dificultando a regionalização do SAMU 192 e da participação de cidades menores de 50 000 habitantes conseguirem custearem proporcionalmente a sua parte dentro do grupo de cidades regionalizadas.

Serviços:

Em 2003, o Governo Federal cria o Plano Nacional de Atenção às Urgências, iniciando um projeto tripartite (Governo Federal, Estadual e Municipal) com custeio financeiro no Sistema de Urgência e Emergência mas iniciando pelo Sistema SAMU 192. A portaria nº 1 864/GM em 29 de setembro de 2003 tenta dimensionar o número de viaturas e equipes, relacionado a população da cidade.

Em 2005, o SAMU-192 funcionava em 784 municípios brasileiros de 25 Estados, com 101 centrais de regulação, atuando com equipes especializadas, em sintonia com centrais de controle de leitos nos hospitais. Seu atendimento pode ser do tipo primário, quando oriundo do cidadão, ou do tipo secundário, também conhecido como remoção, quando a solicitação parte do serviço de saúde onde o paciente já tenha recebido os primeiros cuidados para estabilização do quadro de urgência ou emergência, mas necessite ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a continuidade do tratamento.


Nesse serviço, é recomendado que se utilizem os dados de urgência e emergência na elaboração de uma base descritiva que possibilite a caracterização dos serviços de saúde e dos perfis epidemiológicos. Entretanto, isso é dificultado devido à inexistência de um instrumento oficial de armazenamento das informações das ocorrências atendidas.

Após o levantamento de dados, foi constatado que as solicitações de atendimento pelo SAMU ocorreram, em sua maioria, devido a agravos clínicos. Essa característica foi identificada em cidades brasileiras como: Campinas (65%) e Ribeirão Preto (54,9%) em São PauloOlinda em Pernambuco (57%) , e Porto AlegreRio Grande do Sul, com 64,8% do total de atendimentos. Os dados têm sintonia com os indicadores de morbidade e mortalidade e fatores de risco nacionais, que evidenciam que os agravos clínicos são os mais prevalentes e responsáveis por altos índices de doença e morte.


As ligações são atendidas por telefonistas que anotam dados do local da demanda, emergência médica ou acidente. Toda ligação é gravada. O caso então é passado ao médico que faz a regulação médica e este presta orientações relativas aos primeiros socorros e decide o tipo de ambulância a ser enviada (USA, USB ou VT).


Referência;

*Wikipedia 

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_de_Atendimento_M%C3%B3vel_de_Urg%C3%AAncia#:~:text=Os%20servi%C3%A7os%20de%20atendimento%20pr%C3%A9,27%20de%20abril%20de%202004.


sexta-feira, 24 de maio de 2024

Dia Nacional do Café ☕


A data nacional foi instituída em 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café e representa o início da colheita em nosso território. Além disso, tem relação com o incentivo a consumo no Brasil.

Por Cláudio Gabriel — Rio de Janeiro
24/05/2024 08h03 Atualizado há 2 horas.

O último dia 14 de abril foi marcado como Dia Mundial do Café. Entretanto, agora, pouco mais de um mês da data, é o Brasil que celebra o Dia Nacional do Café, no dia 24 de maio, além de Dia do Barista. Mas, qual a diferença?

A data nacional foi instituída em 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café. Ela representa o início da colheita desse produto em boa parte do território. Entretanto, ganha uma outra representação por também ser uma marca para os baristas, representando uma data comercial para celebrar as formas diferentes de fazer café.

O Brasil é reconhecido como o maior produtor do mundo da bebida. Entretanto, não está entre os maiores consumidores (Finlândia, Suécia e Bélgica lideram). Por isso, o dia 24 de maio serve como uma maneira de estimular o interesse pela população no café.


Além das duas datas citadas anteriormente, ainda há uma terceira para celebrar o produto. É no dia 1º de outubro, em que se comemora o Dia Internacional do Café, quando todos os países do mundo celebram a bebida. A data é a oficialmente reconhecida pela Organização Internacional do Café.

Fonte:
CNN
https://cbn.globo.com/brasil/noticia/2024/05/24/dia-nacional-do-cafe-entenda-por-que-data-e-celebrada-no-brasil-diferente-do-mundo.ghtml



Reisado

No dia 6 de janeiro, no qual se comemora o Dia de Reis, a festa do Reisado tem sua culminância em várias comunidades pelo interi...